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Ivermectina na COVID-19: ensaios clínicos no Brasil e no mundo!

O estudo ICON: Ivermectina e COVID-19

O estudo ICON (Ivermectin in COvid Nineteen) é um preprint postado no dia 10 de Junho na plataforma medrxiv. Portanto, ressaltamos de antemão que seus resultados ainda passarão pelo processo de revisão por pares.

No entanto, devido aos resultados apresentados, achamos válido expô-los aqui.

Metodologia do estudo ICON

A pesquisa consistiu num estudo do tipo caso-controle, onde foram analisados dados de pacientes distribuídos em 4 hospitais da Flórida. Participaram do estudo 280 pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada.

Dentre esses, 173 haviam recebido tratamento com Ivermectina, e 107 haviam sido tratados de acordo com o protocolo padrão. Os pacientes foram então divididos em dois grupos, levando em conta o fato de terem recebido pelo menos uma dose de Ivermectina durante todo tempo de hospitalização.

Resultados

A análise uni variada mostrou redução de mortalidade no grupo Ivermectina (15.0 % versus 25.2%, OR 0.52, IC 95% 0.29-0.96, p=.03).

A mortalidade também foi menor em 75 pacientes com doença pulmonar grave, tratados com Ivermectina (38.8% vs 80.7%, OR 0.15, IC 0.05-0.47, p=.001), no entanto não houve diferença estatística significativa nas taxas de extubação bem sucedidas (36.1% vs 15.4%, OR 3.11 (0.88-11.00), p=.07).

Após ajuste das diferenças entre os grupos e do risco de mortalidade, a diferença de mortalidade permaneceu significante para todo o grupo (OR 0.27, CI 0.09-0.85, p=.03; HR 0.37, CI 0.19-0.71, p=.03).

Muita calma nesta hora

Os resultados apresentados mostraram que uso da Ivermectina esteve associado à menor mortalidade durante tratamento da COVID-19. Todavia, reforçamos a natureza preliminar do artigo.

Além disso, trata-se de estudo de caso-controle, tipo de pesquisa que não está no topo das evidências, cuja natureza retrospectiva não permite excluir a possibilidade de fatores confundidores não mensurados.

Outra limitação importante foi o fato da maioria dos pacientes do grupo de casos terem recebido doses de hidroxicloroquina (HCQ) com ou sem azitromicina (AZT), o que não permite distinguir se os resultados foram melhores por conta do uso destes agentes.

Um outro pequeno estudo preprint em Bagdá mostrou resultados melhores no tempo de hospitalização entre pacientes recebendo Ivermectina além da HCQ + AZT, quando comparados com o grupo HCQ + AZT apenas.

A curta duração do estudo e o pequeno n amostral também se mostram como limitações. Sendo assim, é necessário ensaios clínicos randomizados para confirmação dos achados.

Ensaios clínicos com Ivermectina no Brasil e no Mundo

Existem atualmente 32 estudos de testes em humanos com a Ivermectina registrados no site do governo americano clinicaltrial.gov. Todavia, nenhum deles possui ainda resultados disponíveis.

O país que lidera as pesquisas com a Ivermectina é o Egito, somando 9 estudos registrados. No Brasil, há três ensaios clínicos em andamento. São eles:

  • Universidade de São Carlos, participação de 64 pacientes.
  • Corpometria Institute, em Brasília, com 254 pacientes.
  • Instituto do Câncer no Estado de São Paulo, com 176 pacientes.

A Universidade Federal de Pernambuco, juntamente com a Santa Casa de Porto Alegre e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, também lançaram projeto de pesquisa para investigação da ação da Ivermectina no tratamento da COVID-19.

Os estudos devem em breve fornecer resultados preliminares. Acompanhe o nosso site para ficar por dentro destes resultados.

Cautela e uma nota da ANVISA

Assim como diversos outros medicamentos que surgiram durante esta pandemia, a Ivermectina vem sendo foco de muito debate e divide opiniões, até mesmo entre médicos.

Resta-nos aguardar os resultados dos estudos que estão sendo conduzidos ao redor do mundo. Por enquanto, nada se pode afirmar categoricamente a respeito de sua eficácia.

O uso disseminado, inclusive, levou a ANVISA a emitir nota oficial sobre o tema, afirmando:

“Nesse sentido, as indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento. Cabe ressaltar que o uso do medicamento para indicações não previstas na bula é de escolha e responsabilidade do médico prescritor.”

Um adendo: provável mecanismo de ação

Apesar do pensamento mecanicista nem sempre corresponder ao sucesso na prática clínica, acrescentamos aqui o provável mecanismo de ação da Ivermectina, proposto no artigo dos pesquisadores australianos.

De acordo com o artigo, a Ivermectina desestabilizaria a ligação das proteínas importinas (alfa/beta1) às proteínas do novo coronavírus, impedindo sua passagem através do complexo de poro nuclear da célula (NPC).

Como resultado, o vírus não mais conseguiria reduzir a resposta viral da célula hospedeira, o que permitiria adequada resposta celular antiviral contra o SARS-CoV-2.

Fonte: The FDA-approved drug ivermectin inhibits the replication of SARS-CoV-2 in vitro.

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