Brasil apresenta baixa testagem de Covid-19, desde o início da pandemia
Os números da Covid-19 não param de aumentar. No último levantamento feito pelo Ministério da Saúde, com dados das Secretarias Estaduais, em 24 de março, 89.992 pessoas se infectaram com o coronavírus, em 24 horas, e 2.009 morreram por Covid-19. O número total de infecções atingiu 12.220.011 casos e o total de óbitos alcançou a marca de 300.685 pessoas.
Mas esses dados podem ser subnotificados, com a baixa testagem. Segundo os dados mais atualizados do Ministério da Saúde, do último dia 17 de fevereiro, o país realizou 23.561.497 testes de Covid-19, desde o início da pandemia.
“Esse cenário que nós vemos hoje é subnotificado pela falta de teste. Existe todo um batalhão de pessoas assintomáticas e com sintomas leves, que estão transmitindo a doença no Brasil e que nós não sabemos”, afirma o professor da Universidade de São Paulo e membro do portal Covid-19 Brasil, Domingos Alves.
A estimativa dos pesquisadores do Covid-19 Brasil é que o total de pessoas que se infectaram pelo coronavírus no país, somado aos casos subnotificados, ultrapassa a marca dos 25 milhões.
Para o professor Domingos Alves, os números ainda são baixos, mesmo considerando o levantamento do Covid-19 Brasil de 33.652.104 testes realizados.
“Frente aos números preconizados pela OMS – de 10 a 30 testes por caso – o Brasil mantém um valor extremamente pequeno de 3,11 testes por caso. Mesmo em estados como São Paulo, que mais testam, tipicamente tem se testado [apenas] pessoas que estão internadas e pessoas com sintomas, que aparecem nos postos de saúde”, explica.
Além de insuficientes, os números vêm caindo. “Em outubro, o governo divulgou uma média diária de 31.492 testes por dia em setembro, contra 28.664 em outubro. Essa proporção de queda, que tem sido observada a partir agosto, vem se mantendo até o momento”, afirma o professor.
Testagem para combate à Covid-19
Segundo Domingos Alves, a testagem não serve simplesmente para fins estatísticos, mas é uma das principais estratégias para controle da pandemia. Ele detalha o plano de testagem e rastreamento de contato dos casos positivos, que tem sido implementado na Europa e em alguns países asiáticos.
“Você testa as pessoas que aparecem com sintomas, faz um rastreamento de contato delas, faz o teste e a partir da positivação desses contatos rastreia o contato dos contatos”. Segundo ele, a partir da detecção ampla desses positivos, coloca-se todos esses indivíduos em isolamento.
A epidemiologista da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Maria Rita Donalisio, ressalta a importância de identificar os casos assintomáticos.
“Essa doença tem uma característica que dificulta muito o seu controle, que é a possibilidade de a pessoa transmitir a doença sem ter sintomas; e também a transmissão pré-sintoma – até três dias antes dos sintomas. É uma transmissão silenciosa, que só pode ser enfrentada com identificação rápida do caso e rastreamento dos contatos, para interromper aquela cadeia de transmissão”, ressalta.