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Hospital Federal Cardoso Fontes triplica atendimentos e reduz tempo de permanência de pacientes

Ano de 2018: imagine a situação de um hospital que atendia historicamente cerca de 600 pacientes por mês, com emergência lotada, alto tempo de permanência de pacientes e espera de 15 dias ou mais para vaga de internação. Agora visualize esse mesmo hospital realizando 3 mil atendimentos mensais, com emergência vazia, otimizada, organizada e funcionando adequadamente, promovendo baixo tempo de permanência dos pacientes e espera de até dois dias para internação. Desde de 2019 essa é a realidade do Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, uma das principais unidades de saúde pública do estado.

Essa mudança positiva no atendimento, fluxo e organização de todo o hospital aconteceu após implementação da metodologia Lean nas Emergências, projeto do Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. A unidade federal está desde 2017 sob a gestão da médica Ana Paula Fernandes da Silva, que carrega na bagagem uma longa jornada de conhecimento e prática – são 28 anos de experiência em emergências e 15 em gestão hospitalar. Em quatro anos de gestão, Ana Paula aproveitou as oportunidades e conseguiu promover esse feito em benefício da sociedade e dos profissionais de saúde do Cardoso Fontes.

A metodologia virou cultura, rotina, hábito e organização em todas as condutas corporativas de todos os profissionais para praticamente todas as situações e especialidades, além da emergência (incluindo a ala de Covid-19), procedimentos eletivos e cirurgias. Com a implementação, foi possível aumentar e qualificar o atendimento, ampliar a comunicação interna e promover assistência à saúde integrada e mais adequada aos pacientes que procuram serviços especializados de urgência e emergência, de baixa, média e alta complexidade, na região.

“Posso dizer que o ano de 2019 foi um divisor de águas para o Cardoso Fontes. Foi o ano que tivemos os melhores resultados de toda a história do hospital. Desde então, estamos aplicando, treinando e qualificando todos os profissionais para que esses números continuem. Todos nós ganhamos e os nossos pacientes, que são nosso bem maior, podem receber um atendimento melhor e mais humanizado”, disse a Dra. Ana Paula Fernandes, gestora do hospital.

Em 2020, o hospital precisou se reestruturar, física e estruturalmente, para receber a demanda de pacientes com Covid-19. No auge da pandemia, com muitos casos e óbitos por todo o Brasil, a situação do Cardoso Fontes chegou a ficar complicada, com todos os leitos ocupados, mas ainda assim foi possível manter o atendimento de maneira adequada a todos os pacientes – Covid e não Covid – com auxílio também de outros hospitais federais, como o de Bonsucesso, na época referência para a doença.

Com isso, as equipes médicas do Cardoso Fontes se qualificaram, ergueram as mangas e colocaram a mão na massa para salvar o máximo de vidas possível. Foram treinamentos, entradas de triagem diferenciadas para casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) e outros problemas de saúde, além da adoção integral de todos os protocolos de segurança para pacientes e profissionais de saúde.

“O Lean é importantíssimo porque nos ajudou e continua nos ajudando a organizar todo o hospital para atender da melhor forma possível em todas as situações. Aprendemos a aplicar em qualquer situação, ainda que seja nova e desafiadora. Estou reforçando também que a emergência do hospital não deve ser um problema e sim a solução. Se houver um trabalho adequado, além de salvar vidas melhora o fluxo de todos os outros trabalhos e pacientes”, completou a diretora.

PRÁTICAS DE SEGURANÇA DO PACIENTE – 2020

Além das atividades bem-sucedidas após aplicação do Lean, o Hospital Cardoso Fontes também conseguiu se destacar, em 2020, na Avaliação Nacional de Práticas de Segurança do Paciente, realizada em hospitais com leitos de UTI desde 2016 pela Anvisa. A unidade foi a única no estado do Rio de Janeiro, entre os 144 hospitais participantes – públicos e privados das esferas federal, estadual e municipal, além dos universitários e filantrópicos – a conseguir avaliação máxima: alta conformidade.

Esse resultado é reflexo de várias ações desenvolvidas no Cardoso Fontes pela diretora Ana Paula Fernandes, que incluem o Lean nas Emergências, o Projeto PROADI Saúde em Nossas Mãos, a implantação do Núcleo de Segurança do Paciente e da Gerência de Risco na unidade, com todos os protocolos de segurança adotados – antes e durante a pandemia por Covid-19.

As equipes também aderiram aos indicadores de práticas de segurança, bem como pela responsabilidade dos profissionais em notificar os incidentes e Eventos Adversos (EA) nos sistemas oficiais correspondentes.

Com essa avaliação, é possível que os serviços de saúde participantes consigam realizar o diagnóstico das práticas de segurança do paciente na instituição e, a partir daí, invistam na melhoria dos processos assistenciais.

SAÚDE EM NOSSAS MÃOS

O Projeto Saúde em Nossas Mãos, do Ministério da Saúde, foi implementado em 2019 no Hospital Federal Cardoso Fontes, também com ótimos resultados. O projeto visa a melhoria da segurança dos pacientes contra infecções relacionadas à assistência nas UTI dos hospitais públicos de todo o Brasil. O Cardoso Fontes, por exemplo, conseguiu zerar casos de infeção na corrente sanguínea, reduzir em 83% infecções no trato urinário e em 71% na incidência de pneumonia relacionada à ventilação mecânica.

“Considerando que o objetivo geral dessa iniciativa é reduzir em 50% esses tipos de infecções, tivemos um excelente desempenho no projeto. Todas as ações propostas são muito eficazes não somente para redução dos custos de internação, mas principalmente para a redução dos óbitos decorrentes dessas infecções em nossa UTI”, explicou Ana Paula.

A redução drástica dessas infecções ocorreu após incorporação de condutas simples, como higienização adequada e constante das mãos dos profissionais, pacientes e familiares, insumos, equipamentos, além de outras melhorias para facilitar a limpeza correta em todo o ambiente hospitalar. A metodologia que direciona as ações desse projeto tem como base o paciente e traz consigo três objetivos: melhorar a experiência do cuidado, melhorar a saúde da população e reduzir o custo per capita.

Para isso, as melhorias propostas precisam contemplar não somente o processo do cuidado em si com a adoção dos protocolos, por exemplo, mas também a promoção de uma cultura de segurança com o envolvimento dos gestores hospitalares e a promoção do diálogo aberto; o desenvolvimento de equipes multidisciplinares altamente efetivas a partir da criação de um ambiente de colaboração mútua; e a integração de pacientes e familiares na equipe de cuidados e na tomada de decisão.

“Sabemos que uma das principais vias de infecção são as mãos. Então prevenir muitas infecções é uma ação mútua, que envolve os profissionais, os pacientes e os familiares do paciente”, concluiu Ana Paula Fernandes.

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