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Subnotificações e carência de tecnologia mantêm câncer de próstata em alta no Amazonas

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), até o final do ano, mais de 400 homens serão diagnosticados com câncer de Próstata no Amazonas, mas segundo o coordenador do curso de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas da UFAM, prof. Dr. Cristiano Paiva, o impacto no Amazonas pode ser maior por causa das subnotificações ocorridas pela deficiência de equipamentos das unidades de saúde no interior.

A expectativa do INCA é que mais de 65.000 brasileiros serão diagnosticados com câncer de próstata em todo o país até dezembro. O dia 17 de novembro é considerado o dia mundial de combate à doença. O movimento “novembro azul” começou na Austrália em 2003 e passou a ser adotado no Brasil em 2008. A expectativa é que 1 em cada 36 homens pode vir a morrer por causa do câncer de próstata. Pelo menos 15.000 homens morrerão acometidos pela doença. Além da deficiência em equipamentos adequados, o preconceito é outro grande vilão que ajuda a fazer com que a doença continue matando. De acordo com o Dr Paiva, “90% dos casos tem cura, mas é preciso vencer o preconceito em relação ao exame preventivo tanto o PSA, quanto o exame de toque”. A informação foi repassada durante a palestra do Dr. Cristiano Paiva a um grupo de 400 homens que congregam na igreja Ministério da restauração MIR Centro Sul durante um retiro ocorrido no último fim de semana, numa propriedade próxima ao município Iranduba. “Estou muito feliz pelo convite do apóstolo Arão em poder palestrar para essa quantidade significativa de homens que congregam no MIR Centro Sul. A gente percebe que compartilhamos informação com centenas de agentes multiplicadores que vão levar esse conhecimento para parentes, amigos e colegas de trabalho”.

Segundo o médico, “enquanto não houver maiores ações de combate ao câncer de próstata estamos condenados a acompanhar o crescimento da doença no estado”. O Dr. Cristiano Paiva ainda revelou que “são esperados entre 800 a 1000 novos casos de câncer de próstata no Amazonas por causa da subnotificação das unidades do interior. A mortalidade pode chegar a 200 óbitos pela doença, mortes que podem ser evitadas” disse.

Para o médico é de extrema urgência aumentar a oferta de exames preventivos nos homens. “Hoje o secretário de saúde do Amazonas é uma autoridade reconhecida na área, o Dr. Anoar Samad inclusive, levou atendimento para o interior, juntamente com o Dr. Roberto Fleck e nós conseguimos fazer duas grandes ações aqui na capital. Uma no HUGV onde atendemos mais de 160 homens em apenas uma manhã. Nós poderíamos unir as pessoas que tem alcance social, que são envolvidas, estimular os médicos a fazer mobilizações, existem hospitais como o Delphina Aziz que tem estrutura, FCECON, onde já fiz uma campanha e atendi mais de 200 homens ou o próprio Hospital Adriano Jorge. Esses hospitais base poderiam fazer campanhas com atendimento em mutirões de até 150 homens por dia. A questão que nos coloca em maior desvantagem é o fato da cirurgia com auxílio da robótica para cirurgias de câncer de Próstata ainda não ser uma realidade no Amazonas. Nós temos esse projeto no FCECON, quem nos ajudava é a Dra. Kátia Luz Torres, nós chegamos a avançar no planejamento, mas sofremos por conta das constantes trocas de governo” disse.

“O projeto de implementação de cirurgias robóticas no estado é a tese do meu doutorado e estava devidamente inscrito na FAPEAM. Desde 2008 eu trouxe esse projeto para o Amazonas, tentei sensibilizar todas as instituições a começar pelo FCECON, HUGV, desde essa época, nós avançamos bastante na pesquisa, em conjunto com a secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, FAPEAM e UEA, porém, na hora de bater o martelo, isso não aconteceu. O estado do Pará já está na terceira plataforma para cirurgia robótica, mas até agora não começamos sequer a primeira. Investir em plataformas robóticas deve ser prioridade por parte dos governos. Essas mortes podem ser evitadas se houver comprometimento por parte das autoridades para promover os investimentos necessários para se alcançar uma melhor rede para a promoção da saúde do homem no Amazonas” desabafou o Dr. Cristiano Paiva.

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