Detecção tardia de cânceres urológicos é o maior empecilho para a cura da doença
A detecção tardia dos cânceres urológicos tem se tornado o maior empecilho para a cura da doença, que atinge os aparelhos urinário (bexiga, rins e pelve – este último, inclui os tumores localizados no ureter) e reprodutor masculino (pênis, testículos e próstata), afirma o cirurgião uro-oncologista da Urocentro Manaus, Dr. Giuseppe Figliuolo.
Presidente da seccional amazonense da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), Figliuolo destaca que fatores como o preconceito e a negligência relacionada ao rastreio da doença, além da falta de atenção aos sinais do câncer, estão no topo da tabela que leva ao óbito grande parte dos pacientes acometidos pelas neoplasias malignas urológicas.
“Em geral, a população masculina ainda é a maior prejudicada, quando falamos dos cânceres urológicos. Isso porque, a maioria deles está relacionada à próstata”, explicou.
No caso dos homens, em geral, a ida ao urologista de forma periódica, para rastrear possíveis doenças nos aparelhos urinário e reprodutor, é muito inferior à ida das mulheres ao ginecologista, por exemplo.
“Pesquisa recente apresentada pela SBU aponta que homens vão 18 vezes menos ao urologista, que mulheres ao ginecologista para check up médico”, explicou o cirurgião, que é doutor em saúde pública.
Isso se dá, em parte, pelo preconceito com exames como o de toque retal, essencial à detecção de alterações de tamanho e textura da próstata, glândula responsável pela ereção masculina. Por outro lado, há o medo de ter a doença diagnosticada e acabar desenvolvendo, por consequência, a impotência sexual, grande vilã na luta pela redução de óbitos por esse tipo de câncer. Contudo, Figliuolo reforça que, quanto mais cedo a doença é descoberta, menores as chances de sequelas no tratamento, que podem levar à disfunção erétil.
“Há, ainda, homens que desenvolvem sintomas, como dificuldade ao urinar, dores na região da barriga, sangramento na urina, esvaziamento incompleto da bexiga e impotência sexual eventual”. Ele destaca que, em casos de sintomas, existe a possibilidade de a doença já ter passado da fase inicial, o que requer um diagnóstico mais rápido e preciso e um tratamento em tempo hábil para que o quadro não avance, ocasionando a disseminação do câncer para outras regiões, o que é conhecido no meio médico como metástase.
Já no caso de ambos os sexos, os cânceres de bexiga e rins, tem como um dos principais fatores de risco, o tabagismo, além do contato durante longo período com algumas substâncias químicas, e o fator hereditário – aquele que transfere características genéticas de pais para filhos e de avós para netos, eventualmente.
“Em geral, os cânceres considerados esporádicos, aqueles que não têm relação com o histórico familiar, são maioria. Eles têm influência de fatores externos (cigarro, consumo de bebidas alcoólicas em excesso, sedentarismo e obesidade, por exemplo). As neoplasias malignas de bexiga e rins, em sua maioria, se enquadram nesse contexto”, destacou.
Os principais sintomas do câncer renal são: sangue na urina, dor lombar (nas costas) e abdominal. As neoplasias de bexiga, além desses, incluem na lista o desconforto ao urinar, ardência durante a liberação da urina, aumento da frequência e da urgência em esvaziar a bexiga e o escurecimento da urina.
“São sinais que merecem atenção redobrada e que servem de alerta, pois requerem uma investigação mais aprofundada, que envolve avaliação clínica feita por um urologista e o apoio através de exames laboratoriais e de imagem, caso necessário”, explica Figliuolo.
O especialista, que tem cerca de 20 anos de experiência na área da oncologia, também destaca que, o diagnóstico tardio reduz as chances de eficácia do tratamento e leva a terapias mais invasivas. “Ao mesmo tempo, é sempre importante lembrar que detectar cedo o câncer, aumenta em até 90% as chances de cura”, assegurou.