Logística emergencial: perspectivas são positivas para 2024
As operadoras logísticas concentram 12% do PIB, o equivalente a 20% dos custos de transporte e armazenagem no Brasil. São cerca de mil empresas e 2 milhões de empregos, segundo dados da ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos. Para 2024, a perspectiva é otimista. O crescimento do PIB, na casa dos 3% em 2023 e previsão perto dos 2% em 2024, aliado à redução gradativa da taxa de juros é um bom sinal. Outro dado importante é a previsão de crescimento do setor farmacêutico brasileiro, na casa dos 9% em 2024, impulsionando a logística emergencial aérea, que entrega cargas e encomendas no menor tempo hábil possível.
Para explicar sobre os avanços e desafios do setor para 2024, o especialista em Logística Marcelo Zeferino, CCO da Prestex, há 20 anos no setor de logística emergencial B2B, responde algumas perguntas:
Qual o principal avanço da logística emergencial e o que esperar para 2024?
Marcelo Zeferino: A cada ano da última década temos nos deparado com alguma mudança disruptiva: pandemia, internet das coisas (IOT), blockchain e a inteligência artificial (AI), que se faz cada vez mais presente em nossa rotina. O grande ponto é saber utilizar essas mudanças e ferramentas para que favoreçam a produtividade do setor, beneficiando o consumidor final. Na logística emergencial, por exemplo, a inteligência artificial vem trazendo previsibilidade para o processo, com respostas cada vez mais rápidas. A AI nos fez repensar as perguntas, elevando a competitividade. A emergencialidade de cinco anos atrás é a rotina de hoje, a velocidade de entrega mudou e é necessário acompanhá-la.
Como enxergar a logística emergencial em um futuro próximo?
Marcelo Zeferino: Entendo que a logística emergencial, como é definida hoje, em um curto espaço de tempo será denominada só como logística. Hoje não aceitamos pedir algo para comer e não receber em 30 minutos, no passado isso era impossível. Assim caminha também com o transporte de cargas. Com a evolução das tecnologias e investimentos nos modais corretos, toda a velocidade disponível poderá ser ofertada para a indústria, levando competitividade logística e redução de estoques.
Business Intelligence, automatização, AI, quais outras soluções tecnológicas a logística ainda pode agregar?
Marcelo Zeferino: As ferramentas de análise de grandes quantidades de dados (big data), têm sido instrumentos fundamentais de suporte à expansão do setor de logística. Outra novidade é o blockchain, apesar de ser constantemente associado ao Bitcoin e criptomoedas, ele pode ser aplicado em inúmeras áreas, incluindo a logística. No blockchain, as informações são descentralizadas no banco de dados e compartilhadas entre vários usuários, isso pode ser utilizado no rastreamento de cargas, compartilhamento de frota, entre outras aplicações, trazendo otimização dos processos e redução dos custos. O principal ponto é não fechar os olhos para as tendências. É preciso interligar os pontos através dessas tecnologias para que o consumidor se sinta dentro do processo e não como um produto de prateleira.
E o fator humano, que peso tem nesta balança da tecnologia?
Marcelo Zeferino: O fator humano é preponderante para o sucesso da interligação das tecnologias com o objetivo fim, que no caso da logística emergencial é solucionar o problema de uma carga que precisa ser transportada no menor tempo possível, com qualidade, segurança, monitoramento e acompanhamento do cliente em 100% do percurso. As tecnologias servem para aprimorar, evitar desperdícios e trazer velocidade às relações, mas não elimina a necessidade do humano no processo. Sentimento, percepção, felling ainda não podem ser interpretados por AI ou qualquer subterfúgio tecnológico, daí a importância em conhecer e saber interpretar as tecnologias. E, vale lembrar que em um momento emergencial, ninguém gosta de ser atendido por um robô. Investir no capital humano com treinamentos, plataformas educacionais que ofereçam as habilidades que o mercado necessita, ainda é o caminho para se somar às tecnologias. Em 2023 a Prestex implantou uma plataforma educacional personalizada em parceria com a Revvo, empresa especializada em aprendizagem corporativa.
No setor de medicamentos, com a obrigatoriedade da RDC 653 a partir de março 2024, o que muda?
Marcelo Zeferino: Na prática é exigir cada vez mais profissionalismo de todas as partes do processo. De nada adianta milhões de investimentos por parte da indústria farmacêutica, por exemplo, se o setor de logística não acompanhar as melhores práticas para a distribuição dos medicamentos. Alterações como essas da RDC são fundamentais para balizar o nível de qualidade do mercado. Pela RDC 653/2022, os medicamentos e insumos que necessitam de autorização da Anvisa precisam ter a temperatura monitorada da coleta até o destino final, incluindo um mapeamento térmico de rotas no trajeto, entre outras demandas. Isso é fundamental para preservar a integridade dos medicamentos, principalmente os termolábeis (biológicos e imunobiológicos, vacinas e insulinas) altamente sensíveis às mudanças de temperatura. Lembro que o mercado farmacêutico brasileiro espera crescer mais de 9% em 2024 e o setor de logística precisa acompanhar essa demanda com a qualidade necessária.
As empresas já estão adequadas à nova norma?
Marcelo Zeferino: Algumas empresas ainda estão correndo atrás da adequação. Esse mercado, definitivamente, não é para aventureiros ou você investe e se adequa ou sai do jogo. Na Prestex, por exemplo, foi investido 1,8 milhão com pesquisa e desenvolvimento para cumprir as exigências. A empresa obteve a certificação da Anvisa adequada à nova RDC. O SLA (índice de entregas no prazo) é acima de 99%.
E quanto à Prestex? Qual a projeção para 2024?
Marcelo Zeferino: Em 2023 investimos em uma nova base corporativa em São Paulo, além de pontos de atendimentos que temos no Nordeste e Sul para suprir a indústria de transformação que atua no país. Foram implantadas novas ferramentas tecnológicas com aquisição de softwares específicos. Para 2024 entramos em um novo ciclo de planejamento estratégico para crescimento das operações, uma vez que as empresas passaram a entender que uma logística ágil bem operada, é sinônimo de produtividade, segurança da carga, certeza de entrega no prazo e satisfação do cliente.