Protetores solares naturais ganham espaço no mercado
Neste período marcado pelas férias de verão, o mercado brasileiro constatou um aumento de 20% nas vendas de protetores solares e maquiagens livres de produtos químicos, sintéticos e tóxicos em suas formulações. Segundo dados do Sebrae, que tem como base um relatório de pesquisa da Market Research Future (MRFR), sobre o mercado mundial de cosméticos naturais, estima-se que o setor alcance US $33,04 bilhões até o final de 2027, prevendo crescimento de 9,76%.
Já no Brasil – com aumento da consciência ambiental, a expansão do veganismo e a novas leis sobre a proibição de cosméticos testados em animais – o mercado de cosméticos naturais movimenta cerca de R $3 bilhões por ano, segundo o mesmo documento.
Esta tendência ao movimento clean beauty, que há anos ganha forças na Europa e nos Estados Unidos, está fazendo com que os consumidores brasileiros leiam cada vez mais os rótulos dos produtos fabricados para a pele e definindo a escolha por formulações mais naturais de produtos de skincare.
Protetores solares
Um exemplo são os protetores solares naturais, os chamados protetores físicos e que não possuem em sua fórmula qualquer tipo de composto químico, mas apenas ingredientes minerais e naturais em sua composição, como dióxido de titânio e óxido de zinco. Juntos, formam uma espécie de “barreira” na pele, protegendo-a dos raios solares UVA e UVB, evitando que eles penetrem na pele.
“Estes produtos livres de oxibenzona – por serem mais biocompatíveis e menos alergênicos – são indicados para todos os tipos de peles, incluindo as sensíveis, com patologias inflamatórias como rosácea e acne, ou pacientes em tratamento para o câncer e até em gestantes (salvo alguns ativos específicos que evitamos nessa fase) e bebês”, afirma a médica dermatologista, Vanessa Ottoboni, especialista em dermatologia Natural e Integral.
Ela reforça que não é preciso se preocupar com a eficácia dos produtos naturais, se comparados aos demais. “Os protetores solares naturais são 100% minerais, ou seja, são compostos por substâncias como óxido de zinco, dióxido de titânio e pigmentos que não são absorvidos pela pele e que formam um “filme” e refletem a radiação ultravioleta, conferindo uma fotoproteção eficaz tanto na prevenção do câncer de pele como na formação de manchas e envelhecimento precoce”, explica a médica.
Ingredientes limpos
No Brasil é crescente o número de marcas especializadas em cosméticos naturais. A paranaense BioBio é uma delas. De acordo com o empresário e fundador, Thiago Pissaia, apenas no último mês de dezembro as vendas cresceram cerca de 20% , sendo a grande maioria de consumidores são jovens que buscam produtos “limpos”.
“Os produtos possuem uma associação de ativos naturais e veganos, que garantem proteção, alta resistência ao suor, com fórmula e embalagem biodegradável”, afirma Pissaia.
A marca conta com uma linha completa de produtos de higiene e beleza, todos eles, comprovadamente naturais como desodorantes, cremes, óleos, protetores solares, sais de banho, skincare e maquiagens,
Um relatório do Grupo NPD, especializado em pesquisa de mercado, concluiu em 2021 que 68% dos consumidores querem produtos de tratamento para a pele formulados com ingredientes “limpos” — ou seja, sem substâncias químicas artificiais, parabenos (tipo de conservante) e petrolatos (derivado do petróleo usado para repelir água). Não à toa, até 2024 o mercado global de clean beauty deve alcançar o tamanho de US$22 bilhões, de acordo com a consultoria Statista.
Riscos dos produtos químicos
A dermatologista, Vanessa Ottoboni lembra que a pele é o maior órgão do corpo humano e que ela absorve inúmeros ingredientes bioacumulativos.
“Ou seja, são ingredientes que não são eliminados facilmente pelos órgãos excretores (fígado e rins). Quando somamos a isso uma alimentação rica em ultraprocessados e agrotóxicos, águas contaminadas e metais pesados, temos o ‘efeito coquetel’, que é acumularmos no organismo substâncias com grande potencial de toxicidade”, alerta a médica.
Segundo ela, existem estudos que apontam potencial de toxicidade de ingredientes presentes em cosméticos convencionais como conservantes e fragrâncias sintéticas que, além de serem mais irritativos, podem desencadear reações alérgicas na pele e demoram muito tempo para serem eliminados do organismo.
“A longo prazo, estes ingredientes podem se comportar como “disruptores endócrinos”. Ou seja, mimetizam a ação dos nossos hormônios naturais e podem aumentar a chance de puberdade precoce, infertilidade, doenças auto imunes, diabetes, doenças neurológicas e até neoplasias”, informa a especialista.