Em maio, campanha alerta para importância da conscientização
Durante o mês de maio, o mundo se une em uma campanha internacional de conscientização sobre o câncer cerebral. Com o objetivo de disseminar informações sobre prevenção, detecção precoce e tratamento, a iniciativa Maio Cinza busca aumentar a sensibilização da população em relação a essa condição muitas vezes subestimada.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os tumores do Sistema Nervoso Central, que incluem os canceres cerebrais, ocupam a 11ª posição dos tumores mais comuns no Brasil e estima-se cerca de 11 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025. Segundo o DATASUS, em 2022, foram notificados 9907 óbitos relacionados a tumores cerebrais, evidenciando a gravidade e a importância da conscientização sobre essa condição.
A oncologista clínica Camilla Yamada, coordenadora do comitê técnico científico de Neuro-Oncologia da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), explica que o câncer cerebral pode ser de crescimento rápido ou lento, dependendo do tipo e do grau do tumor. “Os gliomas difusos, como os astrocitomas, oligodendrogliomas e os glioblastomas, são os mais comuns, variando de tumores de crescimento lento, a outros de rápido crescimento. Já os meningiomas, predominantemente não malignos, são mais frequentes em mulheres e muitas vezes de crescimento extremamente lento”, destaca. A especialista explica ainda que outros tipos incluem ependimomas, meduloblastomas e linfomas, além de metástases de tumores de outros órgãos.
Estima-se que a chance de uma pessoa desenvolver um tumor primário maligno no cérebro durante a vida seja inferior a 1%. “Embora essa probabilidade possa parecer baixa, a alta taxa de morbimortalidade associada a essa doença ressalta a importância de ações preventivas e de detecção precoce”, alerta Yamada.
As causas exatas dos tumores cerebrais ainda não são totalmente compreendidas, mas diversos fatores de risco foram identificados. Entre eles a especialista cita os fatores hereditários, como a neurofibromatose e a esclerose tuberosa, deficiência do sistema imunológico, bem como fatores externos, principalmente a exposição à radiação.
Os sintomas, segundo Camilla Yamada, variam de acordo com o tipo, localização do tumor e velocidade de crescimento, podendo se manifestar com qualquer sintoma neurológico, como dores de cabeça persistentes, convulsões, perda de funções neurológicas, alterações no comportamento, entre outros. “O diagnóstico precoce desempenha um papel decisivo na melhoria dos resultados do tratamento. Exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, são fundamentais para identificar essas condições”, destaca.
O tratamento dos tumores cerebrais é complexo e pode envolver uma combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia alvo e cuidados de suporte. “Temos hoje em andamento estudos promissores que prometem revolucionar o tratamento de um tipo específico de tumor cerebral primário. São medicamentos que podem mudar o padrão de tratamento que seguimos hoje”, adianta a oncologista Camilla Yamada.
O Maio Cinza, mês de conscientização sobre tumores cerebrais, contará com uma série de ações no intuito de educar e informar a população sobre essa doença complexa e muitas vezes subestimada. No dia 28, o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) receberá uma ação de conscientização à população sobre o tema, com a presença de especialistas que poderão tirar dúvidas e prestar esclarecimentos sobre a doença. A ação, que conta com o apoio do Laboratórios Servier do Brasil, acontecerá das 9h às 18h.
No período da manhã acontecerão quatro palestras voltadas para profissionais da área da saúde e a partir das 12h os especialistas explicarão sobre o câncer de cérebro e tirarão dúvidas da população sobre o assunto, com entrega de material informativo e educativo. “Com o aumento da conscientização e investimento em pesquisa, podemos avançar no diagnóstico precoce e no tratamento eficaz desses tumores, oferecendo esperança e apoio às pessoas afetadas por essa condição”, afirma Dra. Camila Yamada.