Amazonas

Artista indígena Márcia Kambeba é homenageada pelo boi Caprichoso na tarde alegre infantil

A professora, escritora, poeta e compositora indígena Márcia Kambeba pela primeira vez esteve em Parintins e foi homenageada pelo boi-bumbá Caprichoso durante a tarde alegre infantil realizada na tarde deste domingo (26) no curral Zeca Xibelão.

O Conselho de Arte a presenteou com lembranças do boi Negro da Amazônia. Ela se emocionou com o bumbá evoluindo ao som da toada “Brasil, Terra Indígena”.

Márcia Kambeba destacou a importância da luta do Boi Caprichoso pelos povos originários é citou como referência as toadas como Vale do Javari de Ronaldo Barbosa que também foi tocada no curral. “É uma honra receber esse presente de vocês e agradecer porque eu sinto que cada vez mais o boi trabalha uma toada decolonial. Quando a gente traz nas letras como de Ronaldo Barbosa sobre o meu povo Omágua e a gente sente que tem história e que tem o cunho historiográfico como a toada que fala do Vale do Javari”, destacou.

Para o presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome é um momento de muita alegria receber pessoas que acompanham, entram e participam da luta do boi Caprichoso. “O nosso canto atua além da arte, hoje é representatividade então ver a fala dela reconhecendo a luta do Boi Caprichoso e citando Vale do Javari que é do início dos anos 90 só nos enche de orgulho e a certeza do caminho”, destaca.

Márcia foi aplaudida pela nação azul e branca e se despediu do Curral azulado declamando a poesia de sua autoria “Índio eu não sou”.

Não me chame de “índio” porque
Esse nome nunca me pertenceu
Nem como apelido quero levar
Um erro que Colombo cometeu.

Por um erro de rota
Colombo em meu solo desembarcou
E no desejo de às Índias chegar
Com o nome de “índio” me apelidou.

Esse nome me traz muita dor
Uma bala em meu peito transpassou
Meu grito na mata ecoou
Meu sangue na terra jorrou.

Chegou tarde, eu já estava aqui
Caravela aportou bem ali
Eu vi “homem branco” subir
Na minha Uka me escondi.

Ele veio sem permissão
Com a cruz e a espada na mão
Nos seus olhos, uma missão
Dizimar para a civilização.

“Índio” eu não sou.
Sou Kambeba, sou Tembé
Sou kokama, sou Sataré
Sou Guarani, sou Arawaté
Sou tikuna, sou Suruí
Sou Tupinambá, sou Pataxó
Sou Terena, sou Tukano
Resisto com raça e fé

Tarde alegre

Além das brincadeiras e intensa participação das crianças, a Tarde Alegre Infantil encerrou neste domingo a inscrição para a participação dos itens mirins. A Tarde Alegre ocorre todos os domingos no curral Zeca Xibelão.

Fotos: Pedro Coelho

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