Trocar gastos com loterias por investimentos gera patrimônio
Apostar em jogos de azar remonta a antiguidade, cujas evidências foram encontradas em diversas civilizações.
Hoje, as apostas em jogos incluem uma gama variada de opções, desde as loterias federais como as esportivas e loterias numéricas, passando pelas estaduais e municipais também.
Com popularidade ampla e crescente, agora potencializada pela evolução digital, os jogos de azar têm desempenhado papel relevante em muitas culturas e nas economias ao redor do mundo, em diversas faixas etárias, independentemente de sexo ou mesmo de renda.
Segundo recente pesquisa do Instituto Datafolha, 15% dos brasileiros já acessaram e fizeram uso de sites de apostas esportivas. Em uma de suas conclusões apontou-se que o gasto médio mensal desses apostadores, nas chamadas Bets, atingiu R$ 263,00. São R$ 8,77 gastos diariamente, o equivalente a praticamente duas passagens de ônibus urbano na cidade de São Paulo, cujo valor unitário é R$ 4,40.
“Complementarmente, em outro estudo elaborado pelo Banco Itaú”, acrescenta Luiz Antonio Barbagallo, economista da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), “estimou-se que tais apostadores perderam R$ 23,90 bilhões no período de um ano, ou seja, 0,22% do PIB de 2023.”
Jogar ou apostar, isto é, desafiar-se, sempre esteve presente no cotidiano e na cultura de parcela significativa da população brasileira, seja nas atuais Bets ou nas tradicionais e conhecidas loterias.
“Por outro lado, considerando o aspecto lúdico das apostas, é possível fazer uma provocação: por que não canalizar gastos com loterias, de quaisquer naturezas, em investimentos visando um futuro melhor por meio, por exemplo, do Sistema de Consórcios, torcendo mensalmente pela sorte nas contemplações? O que é melhor: azar ou sorte? Jogos de azar ou sorteio nos consórcios?”, questiona Barbagallo.
Ao considerar os sorteios ou mesmo as apurações de lances ofertados na modalidade, durante a assembleia de grupo de consórcio, vale ponderar que a contemplação mensal da cota propicia realização de desejo e emoção de um sorteio.
Ao traçarmos um paralelo com a chance de contemplação da aposta simples na mega-sena, que é de uma em 50 milhões, temos no consórcio uma vantagem significativa no aspecto emoção, pois as chances são infinitamente maiores, e, mais do que isso, certas.
Exemplo mostra oportunidade
Estudo conjunto realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), no ano passado, mostrou que o Brasil tem universo superior a 1,66 milhão de trabalhadores que atuam como motoristas entregadores ou motoboys.
“Tomemos como exemplo, uma cota de consórcio de motocicleta adquirida por um profissional de entregas, em cuja simulação o tíquete médio seria de R$ 19,50 mil, prazo médio de 75 meses e taxa mensal de administração de 0,25% sobre o crédito”, sugere o economista.
Com estas características, ao calcular a parcela mensal o valor seria de R$ 306,78, ou R$ 10,23 por dia, de acordo com orientações fornecidas no site da ABAC. “Trata-se de um valor bastante próximo àquele gasto médio mensal de R$ 263,00 ou os R$ 8,77 por dia com as apostas em casas lotéricas ou Bets por internet”, detalha Barbagallo.
Isto indicaria que o consumidor poderia mudar seus hábitos de consumo e com apenas mais R$ 1,46 diário, investir na aquisição de uma motocicleta, isto é, em um bem ou patrimônio gerador de renda ou até mesmo para desfrutar o lazer pessoal. “Neste caso, haveria certeza de que o valor da aposta não seria feito em um jogo de azar, mas sim em um investimento com chance de resultado garantido”, comenta Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
Ao invés de ficar na incerteza de que é possível ou não ganhar um prêmio, a partir de alguma loteria tradicional ou de desafios disponibilizados pelas Bets, o brasileiro, com uma pequena importância por dia – R$ 10,23 – poderia optar em investir seu capital em um bem produtivo para empreender ou para ampliar um negócio.
Mercado das duas rodas cada vez mais presente
O segmento motociclístico responde atualmente por 27,6% de todas as cotas ativas do Sistema de Consórcios. Do total de 2,95 milhões de consorciados, registrado em julho, boa parcela de empreendedores tem, nesse tipo de veículo, seu meio de mobilidade, trabalho e renda.
As aquisições de motos via consórcio têm anotado, ao longo dos últimos anos, expressiva presença nas vendas internas nacionais no mercado das duas rodas.
De acordo com cálculos feitos pela assessoria econômica da ABAC utilizando os dados da Fenabrave e B3, de 2021 a 2024, a participação dos consórcios nas vendas por financiamentos apontou crescimento médio de 37,9%. Já naquelas concretizadas com utilização de créditos concedidos por contemplações dos consórcios, a média alcançou 24,1% sobre o volume geral de motocicletas comercializadas no mercado interno, isto é, uma a cada quatro unidades.
Estudo referenda a responsabilidade do consórcio
Pela importância do consórcio constatada nesse segmento, vale lembrar que o estudo denominado de Financial Access and Labor Market Outcomes: Evidence from Credit Lotteries ou Acesso Financeiro e Resultados do Mercado de Trabalho: Evidências de Loterias de Crédito, desenvolvido pelos pesquisadores Bernardus Van Doornik, Armando Gomes, David Schoenherr e Janis Skrastins e disponibilizado pelo Banco Central do Brasil, abordou a melhoria da mobilidade do trabalhador por meio do consórcio.
Entre os resultados animadores apontados estão a superação de obstáculos na busca pelo emprego, o aumento das chances de uma melhor colocação no mercado de trabalho, e mais adesões de participantes aos grupos de consórcios de motocicletas.
De forma conclusiva, a pesquisa revelou que a liberação de crédito, via consórcio, para investimento em locomoção, tem permitido que os indivíduos acessem mercados de trabalho geograficamente distantes. Por consequência, proporcionando impacto positivo na geração de rendimentos.
Como reflexão, Rossi foca no planejamento do futuro e recomenda: “ao fazer apostas, façam as certeiras no sistema de consórcios, uma criação brasileira que vem realizando sonhos de milhões de consumidores. Em paralelo, a modalidade também tem contribuído para o desenvolvimento econômico do país. Em 2023, o consórcio representou 5,3% do PIB”.