Obras de Uranio Bonoldi debatem ética e escolhas humanas
Composta por um total de cinco volumes, a série A Contrapartida, do escritor Uranio Bonoldi, chegou ao fim em outubro deste ano com o livro intitulado "O Poder da Redenção | Livro 5". Ao longo das edições, o autor levou diferentes dilemas da sociedade para a vida dos personagens, destacando questões morais, éticas e políticas. De acordo com Uranio, a decisão de transformar temas complexos em enredos literários nasceu da intenção de abordá-los de maneira lúdica e indireta. A proposta foi expor o leitor a essas questões por meio da narrativa, estimulando reflexões sobre o comportamento humano e permitindo que ele estabeleça paralelos e compreenda os temas a partir das situações desenvolvidas na trama. "Optei por um suspense para apresentar conflitos humanos do cotidiano, como por exemplo: ‘Até que ponto o fim justifica os meios?’, ‘A verdade sempre deve ser dita, mesmo quando abala relações ou destrói vidas?’, ou ainda ‘Quais as consequências de nossas atitudes quando deixamos de lado valores, virtudes e a sabedoria do ser humano quando fazemos nossas escolhas?’", destaca. Ainda segundo o escritor, a proposta surgiu da vontade de refletir, na obra, aspectos do cotidiano em seus diversos âmbitos, do setor público ao privado, do campo pessoal ao profissional. Para ele, a literatura exerce o papel de provocar reflexões éticas e morais, pois leva o leitor a questionar se, em sua vida real, age alinhado aos próprios princípios e valores e como, de fato, pensa, sente e toma decisões. "A literatura convida gentilmente o leitor a olhar para dentro de si no momento em que julga. Outro papel muito claro da literatura é que ela nos humaniza, pois, ao entrar em contato com o enredo e nas contradições dos personagens, o leitor vê seu reflexo e começa a se perguntar o que faria no lugar do personagem", reflete.
As escolhas que moldam o indivíduo Na série A Contrapartida os personagens enfrentam escolhas individuais que geram consequências coletivas. O autor destaca que, na vida real, sempre há decisões fáceis e decisões complexas. As primeiras, explica, costumam oferecer poucas alternativas, têm efeitos de curto prazo e raramente provocam impactos significativos ou atingem outras pessoas. Já as decisões difíceis geralmente envolvem múltiplas alternativas, repercussões de longo prazo e potencial para causar efeitos positivos ou negativos, inclusive sobre terceiros. "Nas escolhas difíceis é que estão as consequências (boas ou más), que são amplamente exploradas na obra. E, claro, essa relação espelha o que é observado na vida real: muitas de nossas decisões refletem em terceiros de forma muito clara para o bem e para o mal, principalmente se olharmos para nosso papel de líderes e se nos reconhecermos e nos responsabilizarmos como líderes de nós mesmos", analisa.
A construção de personagens complexos e verossímiles Para desenvolver personagens que refletem diferentes arquétipos da sociedade contemporânea, como políticos, empresários e cidadãos comuns, o autor afirma ter adotado um cuidado especial com a verossimilhança. Segundo ele, um dos processos de escrita foi trazer realismo por meio de comportamentos e situações críveis dentro do universo ficcional, buscando garantir coerência nas ações e reações. "O personagem deve agir conforme suas motivações, mesmo que suas atitudes choquem o leitor. É essencial observar o comportamento humano, transformá-lo simbolicamente e criar personagens convincentes. Essa é a essência", afirma. Outro ponto destacado por Uranio é o comportamento não linear das pessoas, reproduzido nos personagens, tornando-os mais ambíguos, paradoxais e cheios de fissuras. "A mensagem final será sempre a de procurar se autoconhecer melhor para escolher e tomar decisões melhores, com mais consciência. E com isso, volta sempre a reflexão: ‘Como eu agiria diante desse dilema?’. E isso leva o leitor à reflexão, a repensar seus julgamentos à medida que a trama vai se desenvolvendo", acrescenta.
Ética, conflito e ambição na trama Ao colocar os personagens diante de dilemas éticos, a série evidencia que são as decisões difíceis que moldam o indivíduo. A narrativa mostra como convicções podem se abalar ou se fortalecer diante de emoções como medo ou ambição. O autor também destaca que ambientes familiares, escolares, políticos e corporativos criam tensões capazes de levar o indivíduo a ultrapassar limites ou tomar decisões equivocadas. "Expor o conflito entre o ético e o conveniente, certo e errado reforça que ética não é uma ideia abstrata, mas uma prática, constantemente testada por nossos desejos, prazeres, pressões e contextos. A obra sugere que a integridade do nosso comportamento pode não ser um estado permanente, mas pode sim, ser considerada uma conquista", conclui Uranio Bonoldi.
Para conferir todos os livros da série, basta acessar: https://uraniobonoldi.com/a-contrapartida/
