Em reunião com governadores, ministro da Saúde prevê 60 dias para certificar qualquer vacina contra a Covid-19
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou, em reunião virtual com os governadores, nesta terça-feira (8/12) que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve demorar cerca de 60 dias para certificar qualquer vacina contra a Covid-19.
“Como os senhores sabem, eu prefiro falar menos e trabalhar mais. As coisas estão acontecendo. Quando nós tivermos tudo registrado e comprovado, vamos avaliar a demanda daquele elemento para adquirir”, afirmou o ministro.
Segundo o ministro, é muito importante que sejam seguidos todos os passos. “Estamos observando a tentativa de acelerar, o que é muito justo. É justificável, até. Mas, quando se fala de saúde, não podemos abrir mão de eficácia, segurança, responsabilidade. Porque nós responderemos pelos nossos atos”, ponderou.
“A vacina em que estar totalmente calculada e calibrada”, disse Pazuello, respondendo a um questionamento do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), sobre a intenção da pasta em adquirir 46 milhões doses da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Em um momento de tensão do encontro virtual, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que anunciou, nesta segunda-feira (7/12) o cronograma da primeira fase de vacinação no estado, cobrou de Pazuello a inclusão da CoronaVac no plano nacional de imunização.
“Como os senhores sabem, eu prefiro falar menos e trabalhar mais. As coisas estão acontecendo. Quando nós tivermos tudo registrado e comprovado, vamos avaliar a demanda daquele elemento para adquirir. Vamos levar isso ao Palácio, a todos os órgãos, e vamos adquirir. É muito importante que se sigam todos os passos. Estamos observando a tentativa de acelerar, o que é muito justo. É justificável, até. Mas, quando se fala de saúde, não podemos abrir mão de eficácia, segurança, responsabilidade. Porque nós responderemos pelos nossos atos. Ela tem que estar totalmente calculada e calibrada”, afirmou o governador paulista.
Doria questionou o ministro da Saúde sobre os critérios para escolha das vacinas que serão compradas pelo governo brasileiro. “As vacinas do consórcio Covax Facility não foram aprovadas pela Anvisa. O Ministério da Saúde anunciou um investimento, junto à AstraZeneca, de 1,284 bilhões e já fez o pagamento desse valor pela vacina da AstraZeneca, que igualmente não foi aprovada pela Anvisa. A vacina do CoronaVac não teve nenhum investimento do governo federal. O que difere, ministro, a condição e a sua gestão como ministro de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra vacina? É uma razão de ordem ideológica, política ou de falta de interesse de disponibilizar mais vacinas? Por que excluir a CoronaVac, já o procedimento que ela está adotando é exatamente igual ao do consórcio Covax e da AstraZeneca?”, questionou Doria.
Após a reunião, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), fez duras críticas à postura de Doria, em coletiva de imprensa. Um dos poucos governadores aliados ao presidente Jair Bolsonaro, Caiado disse que “nunca viu na vida” um estado querer sair na frente de outros em resoluções que envolvem todo o país. “O que é que nos preocupa? O momento em que o governador de São Paulo na sua rede social diz iniciar a vacinação a partir do dia 25 de janeiro”, afirmou. Ele também criticou o acordo anunciado pelo prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), com o estado de São Paulo para imunizar profissionais da saúde com as vacinas produzidas no Instituto Butantan. “Isso é algo que coloca em jogo a credibilidade dos demais governadores. Essa função de Plano Nacional de Imunização não é responsabilidade de governador, é responsabilidade do Governo Federal”, afirmou.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse que o governo federal se comprometeu a adquirir todas as vacinas disponíveis em acordo com os governadores. “Sem fazer distinção. Se for a CoronaVac, a Pfizer, a Astrazeneca, o que for. O acordo estabelecido hoje com os governadores é de que todas as vacinas que estarão habilitadas pela Anvisa, sejam em análise direta pela agência, seja validado nas agências internacionais, estarão sendo adquiridas pelo Governo Federal”, pontou Barbalho, na mesma coletiva. Pelo Twitter, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), usou tom apaziguador e pediu “união” contra o vírus no país. “Vacina contra Covid-19 precisa ser eficaz e segura. Discussão fora disso é desnecessária, contrária às expectativas das pessoas e ruim para o retorno da normalidade em nossas vidas”, diz a publicação.
Municípios pressionam
Em nota divulgada na manhã desta terça, a Confederação Nacional de Municípios pediu que o Governo Federal providencie a contratação de todas as vacinas reconhecidas como eficazes contra a doença. A nota também pede que o Ministério da Saúde coordene a distribuição das vacinas para todas as unidades da federação via Programa Nacional de Imunização. “Causa-nos preocupação, portanto, a ausência de um plano nacional em todas as suas dimensões que possibilite a organização dos governos estaduais e locais para o atendimento, considerando ainda a troca de governantes em boa parte dos Municípios brasileiros”, afirma trecho do documento.