Amazonas

Reeducandas do sistema prisional encontram na arte da panificação uma oportunidade para reescrever suas vidas

A primeira capacitação ofertada no Centro Feminino de Educação e Capacitação (Cefec), localizado no Km 08 da BR-174 (Manaus-Boa Vista), trouxe uma nova perspectiva de vida para 30 internas dos presídios femininos de Manaus. Almejando a obtenção da qualificação profissional, reinserção no mercado de trabalho e independência financeira, as reeducandas têm se dedicado ao curso de Panificação, de segunda a sexta-feira, com três horas e meia por dia, com carga horária de 100 horas.

A qualificação é uma extensão da oficina de “Confeitaria de Doces e Salgados”, ministrada em novembro do ano passado, para 15 internas da Penitenciária Feminina de Manaus (PFM), também por meio da parceria da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) com o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam).

A nova capacitação, composta de aulas teóricas e práticas, foi dividida em duas turmas, uma no período da manhã, para 15 internas do regime provisório, e outra à tarde, para mais 15 apenadas do fechado. O conteúdo ministrado nas aulas envolve a produção manual e maquinária de pães variados, pizzas, salgados de grande e pequeno porte, biscoitos, tortas e bolos.

De acordo com o diretor do Cefec, capitão Paulo Sérgio Cordeiro, essa nova formação será fundamental para o retorno das atividades da confeitaria e panificadora anexa do Cefec. “Estamos planejando colocar pelo menos 20 internas para trabalhar diariamente na panificação, entre as que estão qualificadas e fizeram os dois cursos ofertados”.

Ainda segundo Cordeiro, a meta é chegar a produzir uma média diária de 3 mil pães, distribuídos entre as unidades prisionais da capital amazonense. “A princípio, como elas ainda estão iniciando a atividade, dá para produzir de 500 a 600 pães por dia. Depois de um tempo podemos aumentar a nossa produção, tanto em quantitativo de internas trabalhadoras como em máquinas para a panificadora, e assim chegar a uma produção de 2 a 3 mil pães”.

A interna Bruna (nome fictício), uma das reeducandas que participaram de ambos os cursos da área, descobriu durante o cárcere o dom para a prática. “Eu não tinha nenhuma experiência em panificação lá fora e hoje eu posso sair daqui com um certificado na área e trabalhar em qualquer estabelecimento ou mesmo de forma autônoma. Está sendo muito gratificante aprender todas essas técnicas, agora eu sinto que sou capaz de pegar os ingredientes necessários, transformá-los em uma massa, e consequentemente, em alimento”, disse ela.

A participação das reeducandas no curso de Panificação resulta na remição de um dia de suas penas a cada 12 horas de estudo, conforme assegura a Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210.

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