SC: Indústria gerou mais empregos que todos os outros setores somados em janeiro
A indústria de Santa Catarina gerou mais empregos que a soma das contratações do comércio, da agricultura e do setor de serviços em janeiro deste ano. O setor registrou saldo positivo de 12.900 vagas de carteira assinada. Os dados são Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O desempenho do setor em Santa Catarina reflete a performance da indústria no nível nacional. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o emprego no setor aumentou 0,1% no primeiro mês do ano. O índice vem subindo desde novembro e acumula alta de 0,5% no período.
Além disso, o faturamento real da indústria de transformação cresceu 2,8% em janeiro de 2022. Foi a terceira alta consecutiva do indicador, que já havia crescido em novembro e dezembro. A alta acumulada nesse período é de 6,6%. Apesar do bom resultado em ambos os indicadores, o economista Benito Salomão destaca que é preciso esperar mais para ver se a retomada da atividade industrial é sustentável.
“Eu acho que ainda é cedo para falar em uma recuperação da indústria, porque você está utilizando só dois indicadores: faturamento, que cresceu, e emprego, que cresceu, mas levemente, uma alta de 0,1%, praticamente uma estabilidade. Se você olhar as horas trabalhadas, esse indicador está estável. Se você olhar a produção, a produção está em queda”, avalia.
“Esse aumento do faturamento, na verdade, pode estar significando simplesmente uma alta de preço e não, necessariamente, uma expansão do setor como a gente gostaria”, completa Benito.
Regularização Tributária: Projeto de lei reabre o prazo para adesão ao Pert
O deputado federal Gilson Marques (Novo-SC) destaca que os resultados são positivos, mas que o indicador de faturamento pode ser enganoso. “As empresas podem, por exemplo, eventualmente, estar vendendo a mesma quantidade de produtos, só que por conta do valor inflacionado, acabam faturando mais. Isso não significa que isso reverte em mais lucro. Geralmente, o lucro até pode ser menor, porque a alíquota do imposto sobre o produto agrega também o valor inflacionado. Então, não é porque a empresa fatura mais que houve mais lucro. É preciso ter cuidado”, destaca.
A cautela do deputado e do especialista encontra respaldo no indicador que mede a Utilização da Capacidade Instalada (UCI). Em outras palavras, é o índice que mede o quanto das máquinas e equipamentos da indústria estão em uso para atender à demanda. Segundo a CNI, a UCI caiu 0,3% entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, e chegou a 79,1%. A queda foi a sétima consecutiva. Em junho do ano passado, a UCI alcançou 83,3%, o ponto mais alto desde 2014.
Na prática, significa que há mais máquinas e equipamentos parados do que havia em junho de 2021. “O poder de compra do cidadão brasileiro está cada vez menor. Se o poder de compra está menor, ele consegue, obviamente, comprar menos. Se ele consegue comprar menos, as empresas e indústrias produzem menos. É algo muito simples”, diz o deputado Gilson Marques.
Outros indicadores
As horas trabalhadas na produção permaneceram praticamente estáveis entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Houve recuo de 0,1%, segundo a CNI. Mesmo assim, o indicador está acima do registrado no início de 2021 e antes do início da pandemia. O rendimento médio real também cresceu no primeiro mês de 2022: 4,2%. No entanto, segue abaixo do registrado no mesmo mês de 2021. Já a massa salarial subiu pelo terceiro mês seguido, totalizando crescimento de 5,7% no período.